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psi1.gif (3050 bytes) globe4.gif (9321 bytes)Nline.gif (2767 bytes)barrabr.gif (6829 bytes)Psychiatry On-line Brazil - Current Issues (2) 08 1997

 

Transformações da puberdade: implicações teóricas e aspectos clínicos *

Luis Tenório Oliveira Lima **

** Membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

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ball12.gif (1653 bytes) Implicações teóricas:

A passagem da infância à adolescência é um tema de grande extensão e comporta a contribuição de muitos ramos do saber. De um ponto de vista estritamente psicanalítico, a tarefa é quase irrealizável, dada a pluralidade de ângulos com que o assunto pode ser considerado, e a vasta literatura a respeito, publicada nos últimos anos. A estratégia que resolvi adotar é a de me ater a um pequeno itinerário que, espero, significativo e que nos leve a uma articulação entre alguns aspectos da teoria psicanalítica freudiana e a clínica, envolvendo principalmente as contribuições de Melanie Klein.

Em psicanálise, a articulação entre teoria e clínica é frouxa, diferentemente do que ocorre em outras disciplinas. As referências teóricas não orientam diretamente os resultados da prática. O fenômeno psíquico é vivo e ao ser observado é insubmisso às tentativas teóricas de domesticá-lo. Justamente por isso, o trabalho de elaboração teórica requer a construção de pontes entre o plano teórico e o plano clínico. Essas pontes são metáforas, aquele aspecto da linguagem que confere à esta o seu caráter polissêmico, de pluralidade de sentido. Por exemplo, a teoria da castração, tal como formulada por Freud, é a cada momento, na clínica, recriada, reinventada, reestruturada. Por outro lado, ao utilizarmos as teorias previamente estudadas, encontramos uma resistência que é própria da experiência vivida, ao contrário do uso lógico e formal das teorias enquanto puras abstrações. O meu propósito aqui é o de tentar uma articulação entre uma linhagem teórica que perfaz um caminho de Freud à Melanie Klein, dentro do paradigma psicanalítico (1), tendo a noção clara de que essa articulação, como mencionei acima, é frouxa. Esta noção de frouxo, eu complemento com a noção de sujo, no sentido em que a experiência é suja, por oposição à limpidez das abstrações. Sem dúvida, grande parte do embaçamento no uso que fazemos das nossas teorias advém da experiência clínica, que é rica, viva e que, portanto, suja tudo aquilo que a nossa mente é capaz de formular de modo claro e límpido. O nosso modo formal de pensar é dado no período de latência, tal como Freud o descreve, com seus controles obsessivos, formação reativa, abafamento das emoções, em suma, supressão da turbulência. É nesse sentido que o pensamento formal não se confunde com a capacidade de pensar. Freud, em 1900, com a publicação da "Interpretação dos Sonhos", propôs uma teoria da Mente que era, a um tempo, psicológica e biológica, fundando-a na noção de espaço virtual e integrando esses dois níveis em um modelo engenhoso que ele próprio denominou de Topográfico (VII capítulo da "Interpretação dos Sonhos"). O que nos interessa na constituição desse modelo é marcar o limite que esta teoria original estabelece com a tradição anterior e o que daí transcorreu para o futuro, até nós. Esta teoria tem algumas características que a tornaram "sui generis" em relação às anteriores (psicológicas, filosóficas, biológicas etc). Ela, na sua originalidade, integra com simplicidade as relações complexas do biológico e do psíquico: corpo, desejo, pensamento. E tem, sobre tantas outras suas contemporâneas, a vantagem de não ser meramente retórica. Estou me referindo à teoria do aparelho mental, onde três localidades psíquicas _inconsciente, pré-consciente e consciente_ se integram configurando uma nova modalidade de compreensão da mente humana.

Em 1905, com os "Três Ensaios sobre a Sexualidade Infantil", Freud, à luz da sua teoria topográfica da mente e, naturalmente, da sua experiência clínica, concebeu uma etiologia das neuroses centrada em dois pontos principais: o conceito de Instinto (aqui referido no sentido que este termo tem, desde então, em psicanálise) e de Repressão. Embora a noção básica aí envolvida é a de Sexualidade Infantil. Refiro-me a estas noções tão conhecidas apenas para colocar o foco da minha abordagem no ponto que considero central: Freud, ao formular uma etiologia das neuroses, construiu uma teoria da constituição da mente fundada numa história natural do indivíduo humano (sujeito, pessoa, personalidade). De fato, desse ponto de vista, pode-se dizer que a infância dos "Três Ensaios" é constitutiva como história natural do surgimento do indivíduo. Essa teoria assimila natureza e humanidade, recuperando e historicizando a -noção de natureza humana. Na realidade, penso que Freud, ao formular essa teoria, estava resolvendo um problema que lhe era contemporâneo, de natureza epistemológica. Os processos mentais eram então considerados, de um lado, como produtos mecânicos e meros reflexos da atividade biológica, ou por outro lado, resultado de impulsos vitais de origem metafísica. Em outras palavras, as duas tendências que se contrapunham chamavam-se materialismo e vitalismo. Num outro plano, a noção de natureza humana envolvia uma concepção que fixava o humano em uma natureza imutável. A característica inovadora da teoria freudiana da sexualidade infantil está, justamente, no reconhecimento de que a criança é cria de um par de mamíferos, por um lado, e filho de um casal de pais, por outro.

Da infância à adolescência, o tornar-se adulto supõe a elaboração permanente, realizada em cada indivíduo singular, do conflito dramático entre natureza e humanidade (uso esses termos com o sentido o mais coloquial possível, sem a conotação que eles podem ter em outro contexto que não o do âmbito dessa exposição).

Como, portanto, se realiza em cada indivíduo essa elaboração? A clínica pode oferecer indicações e respostas mais ou menos precárias a esta indagação. Não sei, entretanto, se estas respostas são generalizáveis. Esta limitação da clínica (sua singularidade) é também sua fonte de veracidade e consistência. Quando saímos do âmbito em que ela se dá (sua singularidade) já não falamos como psicanalistas, mas como pensadores, professores, ideólogos, pedagogos etc.

Nos "Três Ensaios", Freud divide o período que vai do nascimento à puberdade em quatro etapas: oral, anal, fálico-genital e latência. Na fálico-genital, duas configurações são centrais: castração e complexo de Édipo. A resolução do complexo de Édipo originaria o superego e instauraria o período de latência. O pressuposto básico desta teoria da origem do super-ego é o da identificação com as figuras parentais. Faço esse resumo esquemático para melhor ilustrar sua relação com a teoria kleiniana da origem do super-ego.

Para Melanie Klein "... o ego sofrerá uma divisão que, segundo creio, é o primeiro passo para a formação das inibições instintivas e do super-ego, o qual pode ser similar à repressão primária. Podemos supor que uma divisão desse tipo se torna possível pelo fato de que, tão logo começa o processo de incorporação do objeto, o objeto incorporado se converte na arma de defesa contra os impulsos destrutivos que estão no interior do organismo". (Melanie Klein, "Obras Completas", volume 1, "El Psicoanálisis de Niños", capítulo VII, Paidós, Buenos Aires, pág. 255, o grifo é meu). Como sabemos, este processo descrito por Melanie Klein ocorre nos primeiros meses de vida do recém-nascido, enquanto para Freud o super-ego se origina a partir de identificações com as figuras dos pais, que se tornam modelos ideais, permitindo relações aparentemente estáveis com a autoridade, as leis, a moralidade, a ética etc. Em Klein, dada a natureza precoce das angústias e dos impulsos infantis, a ênfase recai sobre a severidade, a agressão e crueldade do super-ego. Em Freud, o super-ego é constituído a partir da repressão, da identificação e das formações reativas. Em Klein, os mecanismos constitutivos desta instância são divisão e incorporação (introjeção do objeto).

Assim Melanie Klein desenvolveu, partindo do mais puro freudismo, uma teoria bastante singular e sem dúvida revisionista _não em sua essência, mas em seu conteúdo_ da mente e da constituição do indivíduo. Como é óbvio, nela o Mal, a precocidade e a velocidade dos fluxos psíquicos adquiriram uma importância primordial. As idéias de Arcaico e de Contemporâneo (Primitivo e Maduro) se entrelaçam de tal modo e com tal força na teoria da formação primitiva da mente que não nos surpreende que se preste talvez mais adequadamente para pensarmos os problemas específicos do nosso presente na clínica e no grupo social. Aquilo que em Freud podíamos referir à Repressão, super-ego e Neurose, em Melanie Klein referimos à Cisão, Super-ego Primitivo (prevalência do Pré-edípico ao Genital) e Psicose.

Em 1930, com a publicação do ensaio "O Mal-Estar na Cultura", Freud, naquele então entre duas guerras mundiais, quando a Segunda estava sendo gestada, após a queda dos três grandes impérios do seu tempo _o Austro-Húngaro, o Otomano e o Czarista_ se detém e procura pensar, à luz das teorias que ele mesmo formulou, a turbulência do seu tempo. Ali sua idéia central é a de que a Repressão (condição indispensável da constituição do indivíduo humano) é fator de irremediável insatisfação e mal-estar.

Em 1938, após sua morte, o poeta Auden, em um belo poema dedicado à sua memória, diz que suas teorias tornaram-se um "clima de opinião". Hoje, quase setenta anos após a publicação de "O Mal-Estar da Cultura" e mais de meio século após sua morte, podemos talvez considerar que as idéias psicanalíticas se difundiram e se tornaram também fatores que compõem o "clima de opinião" contemporâneo. Sendo assim, as idéias hoje corriqueiras de Desrepressão, de crítica à autoridade e à tradição etc devem ser analisadas ou pensadas num contexto diferente do que tem sido habitual, levando-se em conta a própria difusão das teorias psicanalíticas, suas aplicações em diferentes setores da vida social e sua apropriação pelo "senso comum" contemporâneo.

Em 1979, Christopher Lasch, um autor americano de grande prestígio como crítico da cultura e pensador, publicou um ensaio hoje clássico, "A Cultura do Narcisismo", que tem como subtítulo "A Vida Americana numa Era de Esperanças em Declínio". Nesse ensaio o autor usa conceitos e teorias psicanalíticas como referências para fundamentar a sua análise, bastante objetiva, dos problemas contemporâneos em uma sociedade de massa. Nele, o uso dos conceitos e das teorias psicanalíticas encontra uma excelente articulação com os problemas contemporâneos na sociedade de massa. Lasch, no que parece ser a tese central de seu ensaio, levanta a hipótese não de um declínio do super-ego puro e simples, mas de uma alteração profunda dos seus conteúdos. Cito Lasch: "As condições mutantes da vida familiar levam não tanto a um declínio do super-ego, mas a uma alteração de seus conteúdos. O fracasso dos pais de servir de modelos de autodomínio disciplinado ou de reprimir o filho não significa que a criança cresça sem um super-ego. Pelo contrário, ele encoraja o desenvolvimento de um super-ego primitivo e severo, baseado em grande parte em imagens arcaicas dos pais, fundido com auto-imagens grandiosas. Sob essas condições, o super-ego consiste em introjeções parentais em vez de identificações. Ele mantém para o ego um padrão exaltado de fama e sucesso e o condena com selvagem ferocidade, quando não preenche esse padrão" (páginas 219 e 220). E acrescenta em seguida: "O declínio do super-ego em uma sociedade permissiva é melhor compreendido como a criação de um novo tipo de super-ego no qual são predominantes os elementos arcaicos. As mudanças sociais que dificultam às crianças interiorizar a autoridade parental não aboliram o super-ego, mas simplesmente fortaleceram a aliança entre este e Tânatos" (página 220).

O ponto que nos interessa nessa idéia envolve uma noção de mutação num período de tempo que prefiro datar a partir do surgimento da própria psicanálise, em fins do século XIX e início do século XX, mais precisamente com o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, até os nossos dias. Esta mutação implicou conseqüências internas no indivíduo e externas na sociedade. As investigações de Melanie Klein com crianças permitiram, como diz Lasch (páginas 63 e 64), a compreensão desse fenômeno contemporâneo em seu aspecto mais relevante: a mutação, a qual opera uma mudança que aponta para o futuro e cujas conseqüências não são ainda avaliadas e previsíveis. É nesse sentido que procuro, com as situações clínicas que aqui apresento, projetar algum tipo de luz sobre as implicações deste fenômeno. Desde os anos 30 que a agressão se tornou um tema fundamental no trabalho de Jones, Abraham e, principalmente, Melanie Klein. Levanto a hipótese de que a importância da agressão para Melanie Klein não advém somente do seu trabalho com crianças, mas da percepção das conseqüências daquilo que chamei acima de mutação. Esta percepção não terá sido consciente. Freud, cuja formação e trabalho têm origem e encontram sua plenitude no período que vai das últimas décadas do século XIX até o fim da Primeira Guerra Mundial, constrói sua teoria do Super-ego baseada nos dados de uma experiência na qual certo grau de estabilidade familiar e institucional era ainda dominante.

Quando mencionei acima a queda dos três grandes impérios _o Austro-Húngaro, o Otomano e o Czarista_ após a Primeira Guerra Mundial, de certo modo tomava estes fatos históricos como marcos da queda de poderes estáveis na área política e social. A periodização que aqui utilizo cobre praticamente um século e pode encontrar sua justificação plena no ensaio de Freud já referido, "O Mal-Estar da Cultura" e, subsidiariamente, no grande romance do seu amigo e contemporâneo Thomas Mann, "A Montanha Mágica". Este romance é escrito depois da Primeira Guerra Mundial e sua ação transcorre no período imediatamente anterior a esta, terminando com o seu início. Nessa obra, o grande confronto entre os dois personagens, o humanista Settembrini e o jesuíta e judeu Naphta, expressa o conflito das duas grandes tendências do pensamento europeu ocidental: as idéias libertárias e democráticas em oposição às idéias conservadoras e autoritárias. Em ambas as obras, que são contemporâneas, trata-se do fim de um mundo e da transição para um outro, não sabemos se melhor ou pior, mas diferente e que corresponde ao mundo em que vivemos neste fim de século, cujos sinais enigmáticos aguardam decifração. É nesse sentido que penso que a obra de Melanie Klein, principalmente ao formular a sua teoria da mente primitiva, aparentemente tão simples (posição esquizo-paranóide/ posição depressiva), aponta, a partir de achados clínicos, para a percepção de fenômenos psíquicos específicos do nosso tempo. Penso também que a combinação entre a teoria freudiana do aparelho mental tal como formulada no sétimo capítulo e a teoria kleiniana da mente primitiva tornou possível a W. Bion um novo salto em relação a este problema. Bion passa a destacar como central para a observação psicanalítica os problemas relacionados com o pensamento, aqui entendido não no sentido formal e lógico.

ball12.gif (1653 bytes) Aspectos clínicos:

Apresento em seguida três relatos clínicos esperando com isto que certas relações entre a hipótese levantada e a experiência clínica possam ser significativas.

1. ELLa:

"ELLa é sensível, interessada por tudo que se apresenta como novo e mutatório e tem conseguido, apesar da instabilidade que essa orientação vital exacerba, manter o encontro analítico graças ao caráter inventivo dessa atividade." Assim, Amazonas Alves Lima inicia seu belíssimo ensaio "Tempo <---> Trabalho", de agosto de 1977. Ao qualificar de inventivo o caráter da atividade psicanalítica, a autora tem plena consciência que é na clínica, na relação estabelecida pelo par analítico, que se encontra toda a fonte de invenção e, portanto, desenvolvimento da teoria. ELLa exemplifica de modo quase típico a situação, hoje em dia cada vez mais comum, de uma transição problemática da infância à vida adulta. Amazonas expõe no seu relato desse caso clínico o evolver da análise de uma jovem adolescente, presumivelmente dos 17 aos 22 anos, quando engravida e, após algum tempo, interrompe a análise. ELLa parece viver num mundo impregnado de "ilusões e alucinações". Seu universo exclui a noção de tempo, abole o espaço, a diferença entre ela e o outro. O uso constante de drogas, a atividade sexual descrita como intensa, a errância e a instabilidade parecem configurar nela a persistência de um mundo infantil onde os objetos circulam em alta velocidade, sem ninhos ou nichos onde possam repousar. ELLa tenta controlá-los onipotentemente com inúmeras estratégias mágicas, seja no grupo social onde convive ou no "setting" analítico, através do "jogo das identificações projetivas e introjetivas". Assim, Amazonas nos apresenta com essa paciente um problema clínico de grande significado atual. Em função disso, sugiro aos interessados a leitura desse elegante e culto ensaio.

ELLa exemplifica um momento perturbador da evolução que a clínica nos mostra, embora, por isso mesmo, não seja generalizável. O que quero dizer com momento perturbador é que, como Lasch bem assinalou, ainda que de um ponto de vista teórico, "não havendo estabilidade nas identificações com as figuras parentais", a mente da paciente como que flutua à deriva, sem pontos de referência. A hiperatividade erótica, o trabalho irregular, a superstição, o esoterismo, as drogas alucinógenas, o "tráfico" como meio de subsistência, as viagens, a gravidez, o parto são sucedâneos do mundo lúdico da infância. ELLa busca um lugar, "uma identidade" que simultaneamente a integre no mundo dos adultos e a preserve da perda da infância. Caminhos que a caminhante explora ao caminhar. "Caminante, no hay camino, se hace camino al andar" (verso do poeta Antonio Machado usado como epígrafe no ensaio sobre ELLa). Amazonas a acompanha com atenção e cuidado e passa a ser, por um momento, "a referência". Escreve: "... reconhece a função do encontro comigo como um ponto de referência para alcançar integração espacial e temporal. E ilustra este passo do processo com repetidas alusões à uma teoria do ponto (...tudo tem um ponto, é preciso colocar um ponto, as várias civilizações são pontos, um nó num trançado de fios significa algo que se fecha _um ponto_ para si mesma ou para a pessoa que recebe...)." (pág. 4). Sua tentativa de organizar uma referência estável através de "práticas mágicas" _umbanda, astrologia, quiromancia etc_ colidia com o ponto de referência centrado na analista. A analista no seu lugar, o "setting" como lugar da "constância", onde o tempo passa a ser levado em consideração, seja em sua dimensão cronológica, linear, seja em sua dimensão sincrônica, no decorrer de cada sessão. (Aliás, quando ELLa engravidou, um dos dois nomes pensados para sua filha era Constância. ELLa, entretanto, optou por Estela.)

Em seu último contato com a analista, após a última interrupção, ELLa diz estar "levando uma vida um pouco antropológica para aprender como as coisas sociais eram antes de se tornar o que são." ELLa estava residindo em uma ilha com a filha, como ela mesmo dizia, junto à "natureza" e "onde o tempo escoa ao sabor das marés, dos dias e das noites, das chuvas e das secas" (pág. 8). ELLa fica da ilha olhando a cidade em frente, ao longe, como um possível futuro. Enquanto isso, "preocupa-se com a evolução" lendo obras de Jung sobre simbolismo (pág. 8).

Nesse ensaio, o foco da autora recai sobre o trabalho, ou seja, sobre as possibilidades que, a partir da análise, a paciente pode desenvolver ao migrar de um "mundo confuso e indiferenciado" para um universo aberto de possibilidades. Esta passagem é, de fato, perceptível ao longo de seu texto. Para meu propósito, entretanto, o ensaio de Amazonas revela o que chamei de uma situação quase típica na clínica psicanalítica atual: a persistência dominante na vida adulta de objetos "selvagens", na medida em que o mundo mental primitivo, isto é, o interjogo das identificações projetivas e introjetivas (M. Klein), resiste à domesticação edípica, isto é, ao jogo das identificações e da repressão (Freud). Chamo de objetos "selvagens" aqueles objetos parciais que não se integram nem se harmonizam sob o domínio da genitalidade. (Ver a este propósito, ainda que de um ponto de vista diferente do que aqui utilizo, "O Anti-Édipo" de Delleuze-Guattari). O que ELLa manifesta em grande parte é a passagem do conflito edípico para a puberdade (o início da vida adulta) sem a organização do período de latência. ELLa é, a um tempo, protagonista e palco dos seus objetos primitivos. Sua capacidade de suportá-los e assimilá-los "genitalmente", isto é, contê-los no espaço da sua própria mente, parece intensamente comprometida. O contato com a análise, tal como Amazonas nos descreve, se constituiu no início de uma possibilidade: a constância, apesar dos impulsos hostis e invejosos, transfigura-se, em alguns momentos, em suave presença. A analista, por algum tempo, torna-se depositária dos seus objetos e, portanto, um lugar de repouso para eles. A identificação com este "lugar" poderá, de fato, tornar-se fonte possível de esperança? A resposta a esta pergunta se encontrará somente no conteúdo da experiência vivida, projetada no futuro.

2. R.C.:

R.C, quando veio à análise, tinha 14 anos. Tive uma entrevista com sua mãe, que me deu algumas informações acerca dele e dos seu desejo de fazer uma análise. Nesse momento, os pais moravam em outra cidade e R.C. escolheu viver em São Paulo, distante da sua família, hóspede de outros parentes. Ele tinha vários irmãos e não era nem o mais moço, nem o mais velho.

Ao longo de um ano e meio, veio às sessões com certa regularidade. Mas, nos últimos meses antes de interromper sua análise, faltava muito e, quando vinha, permanecia em silêncio na maioria das sessões. No primeiro ano, falava um pouco da vida em comum na casa onde morava, da convivência com os colegas no colégio, às vezes com detalhes, mas sempre em um tom neutro, aparentando impessoalidade. No contato comigo, era cordial e distante. Dava-me muitas vezes a impressão de que tinha grande dificuldade para expressar suas emoções, às vezes até parecendo que não as trazia consigo. Depois de algum tempo e de muitas sessões em silêncio, sugeri que usasse papel e lápis para desenhar. Seus desenhos eram, geralmente, pouco expressivos. Consistiam de arabescos, formas abstratas, às vezes paisagens longínquas, figuras humanas ou animais estilizados em padrões estereotipados. Os desenhos lembravam suas falas e revelavam distanciamento e impessoalidade. No entanto, R.C. parecia, em muitos momentos, para além dessa aparência neutra, habitado por grandes tensões. Tensões para as quais não havia nem palavras, nem imagens. Esse estado de mente correspondia ao que Frank Philips chamou, em uma supervisão, de "angústia virgem". Alguns dos seus desenhos representavam torres, minaretes requintados localizados em paisagens remotas. Em uma sessão, falei-lhe então de uma necessidade de se sentir livre de algo que o prendia, de uma angústia que escapava a qualquer possibilidade de ser representada. Que talvez ele sonhasse aventuras em terras distantes e estrangeiras como forma de buscar algum tipo de compreensão para aquilo que se passava consigo e ele ignorava. Em outro momento, quando me falou da "necessidade de forjar um caráter, de ser alguém", pensei no jovem Hamlet (2) e disse-lhe da dificuldade que ele experimentava de agir de acordo ou não com suas paixões. Ele não respondeu, sorriu de modo enigmático e permaneceu em silêncio até o fim da sessão. Outro dia, em um desenho, representou mariposas de vários tamanhos. "Eram mariposas apenas", disse. Pensei que ali estava uma oportunidade de aproximação com o problema da passagem infância/vida adulta, da morte da infância e também da fugacidade de cada encontro nosso e que, portanto, diante de algo tão transitório, nada valeria muito a pena. Ele pareceu tocado um pouco por este comentário, e prossegui dizendo-lhe algo como "...penso que há uma dificuldade aqui decorrente do medo de ficar perdido ou preso dentro de uma situação". Fiquei com a impressão de que alguma coisa fez sentido naquele momento. Na sessão seguinte, R.C. chegou e foi logo falando (o que era raro no início das sessões). Falava do colégio e de que lá estavam acontecendo coisas interessantes, estava animado, sua expressão era de contentamento ao me narrar os fatos. Ele se referia a um movimento, seu e de seus colegas, que reivindicava uma passagem através do muro do colégio que dava acesso à padaria, onde iam durante o recreio. Nesta mesma sessão, ele se referiu à luz que filtrava através da janela da minha sala: "a luz através do vidro faz um reflexo bonito". Pensei que expressava alguma coisa que se relacionava com o "insight" da sessão anterior e que alguma comunicação especial se estabelecera comigo naquele momento. Embora esta hipótese tenha se confirmado, outras sessões revelariam que um impasse persistia, impasse que poderia ser assim formulado: ou a análise e o analista, ou os pais. Se ele fica em análise, estará dispensando os pais. Penso que esta questão, hamletiana, correspondia à atualização do conflito edípico advinda com a puberdade de R.C.. Sua atitude, como é muitas vezes comum nesta idade, envolvia uma tentativa de neutralizar e dominar suas emoções abafando-as. Segundo meu ponto de vista, para ele, a análise revelou-se uma alternativa mais perigosa do que outros recursos disponíveis. R.C. interrompeu a análise nas férias de fim de ano. Algum tempo depois, de uma cidade distante, enviou-me uma carta, com uma caligrafia quase ilegível, onde dizia da importância da análise e do desejo de corresponder-se comigo: "eu vejo esse tempo de análise como algo sem dúvida proveitoso, muito proveitoso, mas intrincado, sem dúvida muito intrincado". Depois de alguns meses, teve mais uma entrevista comigo. Nela, fiquei sabendo das suas viagens. Uma, aos Andes, onde seus pés incharam de tanto andar. Lá adoeceu, teve febres e chegou a perder bastante peso. Uma outra, meses depois, ao Nordeste, em condições semelhantes à anterior.

Despedimo-nos e me lembro que lhe falei de um livro muito conhecido, mas que raramente era lido inteiro: "Robinson Crusoé" (3), de Daniel Defoe.

O tema da viagem, como metáfora ou como modelo de experiências emocionais, tem sido de uso universal. Tanto na literatura quanto em psicanálise, esse tema oferece várias possibilidades de compreensão de inúmeras experiências no plano emocional mais profundo (4).

Pensando nessa experiência com R.C., elaborei um modelo a partir do mito de Édipo. O modelo divide o mito em três segmentos que considerei três itinerários e chamei de "as três viagens de Édipo". Imaginei um Édipo andarilho, com seus pés inchados, peregrinando simultaneamente em busca e fugindo do seu destino. Alguns anos depois de ter tido essa idéia, em uma exposição do pintor Francis Bacon, num belo quadro, Édipo é representado com os pés machucados, cheios de bandagens ensangüentadas e, à maneira do Édipo de Ingres, ajoelhado diante da esfinge. Os três caminhos que Édipo é levado a percorre são: primeiro, do momento do seu nascimento à fronteira do reino de Tebas com o de Corinto, onde é levado com os pés atados até a casa daqueles que serão seus pais adotivos, Políbio e Mérope; o segundo, quando Édipo se torna adolescente e vai da casa dos pais, em Corinto, à Delfos, para interrogar o oráculo de Apolo; e o terceiro e último, após ouvir o oráculo, sua viagem em direção à Tebas, onde o seu destino se consuma. A terceira viagem coincide, num plano que seria cronológico, com a passagem da puberdade à vida adulta. E no outro, com a viagem virtual através da auto-percepção e do possível conhecimento de si. Este aspecto corresponde à investigação e à curiosidade científica no sentido que se refere Bion quando diz: "Édipo representa o triunfo de uma decidida curiosidade sobre a intimidação e pode, portanto, ser usado como um símbolo da integridade científica _o instrumento investigatório". ("Elementos de Psicanálise", W. R. Bion, capítulo 11, pág. 74, Paidós, Buenos Aires, 1966)

Mas o que é de interesse para a hipótese aqui levantada é a persistência aterrorizadora das angústias "virgens", das relações objetais e estratégias primitivas do período pré-genital, a fusão das imagens parentais e a incapacidade de discerni-las na experiência, o que correspondente, no modelo pensado, à primeira viagem, onde o registro é kleiniano, enquanto que, na segunda, o registro refere-se à sexualidade infantil e, portanto, é freudiano. Já na terceira, o foco se desloca para a curiosidade, a investigação, portanto, o uso da capacidade de pensar.

R.C. de certo modo exemplifica uma modalidade de estratégia em relação aos efeitos do seu mundo primitivo que se configura como persistência em grande parte, do modelo da latência. Predominam aí o abafamento das emoções e a proliferação de controles obsessivos, por um lado, e de tendência à evasão caracterizada pela errância, por outro. Aqui há um ponto de contato, creio, entre R.C. e ELLa.

Quando lembrei a R.C. o Robinson Crusoé, dei-me conta que esta sugestão continha uma esperança: a possibilidade de encontrar uma ilha onde pudesse restaurar aquilo que, do seu passado infantil, pudesse servir para a construção da sua identidade adulta.

3. Marco:

Marco estava com 16 anos quando veio à análise. Durante alguns anos estivemos juntos e, desde o início, demonstrou muito empenho no trabalho. Era assíduo e muito colaborador. Seu comportamento, amistoso e construtivo a maior parte do tempo, contrastava com sua aparência e com o comportamento na escola e em casa, com os familiares. Sua aparência era "agressiva", o cabelo "punk", as roupas e atitude corporal desafiadoras. Sua compleição e porte atlético contribuíam para essa "imagem", que ele parecia cultivar com satisfação. No colégio, envolvia-se em atritos e se sentia visado por professores e funcionários. O rendimento escolar era insatisfatório e, como havia mudado de colégio e repetido dois anos, sentia-se defasado. Falava do mal estar de se sentir atrasado em relação aos colegas mais jovens. Nas sessões, relatava os fatos com sinceridade e revelava-se sensível, comovia-se freqüentemente, demonstrando grande emotividade. Quando se referia ao pai, as emoções brotavam sem reservas.

Em uma sessão, depois de alguns meses do início da análise, chegou com expressão feliz e disse-me estar muito satisfeito com o nosso trabalho, que achava que algo acontecera também com seu pai, que ele, o pai, estava mudado. Perguntei: "mudado como?". "Ele agora confia em mim", e ao me falar isso, chorava e dizia não saber o que tinha se passado.

Fiquei com a impressão que de fato sua emoção e a percepção da mudança na relação com o pai expressavam um salto na sua vida. Salto, isto é, uma passagem súbita de um estado de mente para outro. Os meses seguintes confirmaram esta impressão e Marco pôde desenvolver com os colegas um padrão de relacionamento bem mais próximo daquele que eu observava na relação comigo. O estilo "punk", o interesse por rock’n roll, o ar desafiador, tudo isso continuava como uma espécie de estilização "sublimada" da agressão. Neste período Marco integrava um conjunto de rock "pesado", tipo garagem, que se chamava qualquer coisa como "Vírus e Víboras". Ele era o "croner" do conjunto e o letrista das composições. Às vezes lia para mim algumas letras e sua habilidade para compor não me pareceu ingênua: revelavam conhecimento técnico e expressavam sentimentos de rebeldia, crítica cultural, desdém pelos hábitos burgueses etc.

Enquanto o tempo passava, Marco parecia aproveitar bastante do seu tempo para consolidar o que considero sua passagem da infância para a vida adulta. O método utilizado para este fim consistia no uso de várias estratégias. Uma delas, segundo minha observação de grande importância, consistia numa sublimação da violência através da estilização, seja ritual, seja em sua aparência de cunho estético e cultural. Desse ponto de vista, sua participação no grupo de rock e sua adesão à cultura "correspondente" (rock pesado, pauleira, estilo "punk" etc) em oposição ao "quietismo", inautenticidade e "aburguesamento", como dizia, do mundo adulto, possibilitava a simbolização de grande parte da violência dos seus objetos.

Observando do ponto de vista transferencial, em sua relação comigo pareciam predominar sentimentos de admiração e ternura. Quase sempre eu era visto e sentido como "não careta", verdadeiro, "não burguês" etc. Penso que este tipo de relação permitiu uma forma de idealização que o aproximou da figura do pai. As tendências destrutivas em parte foram dominadas pelo que chamei do seu método de estilização e estetização da violência. Segundo penso, as tensões encontraram assim possibilidade de transformação.

Após o término da análise, passado um longo tempo Marco veio à uma última entrevista comigo. Não contive o riso quando o vi. Vestia um elegante terno de linho, usava uma gravata e trazia uma pasta de couro. Bem penteado, cortês, me cumprimentou e, no seu olhar, tive a impressão de vislumbrar um toque de auto-ironia, a presença disfarçada de um menino roqueiro no jovem adulto que se tornara.

Em relação a Marco, é de interesse para nosso problema _a questão do trânsito entre a infância e a vida adulta_ examinar a natureza sutil de suas estratégias (falo de estratégias inconscientes). As angústias primitivas, a turbulência, a emotividade aparentemente explosiva encontraram escoadouro numa forma de desafio estilizado que o protegeu durante algum tempo da fragmentação dos seus objetos e do seu ego. A análise pode ter contribuído para que, por uma identificação estável com a figura idealizada do analista, um pai ideal, brando e confiante, fosse reconstituído no seu mundo interno. Isto nada explica, mas pode nos fornecer uma pista para muitas situações em que a aparência, a moda, a música, outras formas de arte e de artimanhas do nosso tempo, tenham uma função análoga àquela que Freud atribuía ao delírio, uma função restitutiva. Restituir, recuperar, recompor, de certo modo reinterpretar o mundo da infância no mundo dos adultos, vindo a tornar-se um deles.

A apresentação desses três relatos clínicos sugere várias linhas de interpretação. O ponto que destaquei como principal é o principal somente na perspectiva que utilizei. A escolha desta perspectiva foi intencional. Quis, com ela, tentar estabelecer uma ponte entre teoria e clínica, mas também entre o trabalho psicanalítico e alguns problemas culturais contemporâneos. Em que sentido o nosso trabalho clínico pode contribuir para além daquilo que lhe é específico, para uma compreensão das questões graves que envolvem a passagem da infância à vida adulta na cultura contemporânea? Meu trabalho não dá uma resposta a esta pergunta, nem acho que haja resposta inequívoca para ela, mas como disse acima, pode sugerir algumas linhas de reflexão que permitam alguma compreensão a respeito.

(1) Utilizo o termo paradigma no sentido que lhe dá Thomas S. Kuhn no seu livro clássico "A Estrutura das Revoluções Científicas".

(2) Ver "Algumas Notas Sobre Observação em Psicanálise" (Luiz Tenorio Oliveira Lima, revista "Ide", número 19, agosto de 1990), onde o jovem Hamlet é utilizado como modelo, envolvendo o problema clínico entre pensar e alucinar.

(3) A alusão ao personagem Robinson Crusoé se refere também ao fato de que este faz três importantes e significativas viagens. A primeira (iniciada sintomaticamente sem a benção e concordância do pai), de Londres até a costa africana, onde é feito prisioneiro por piratas muçulmanos. A segunda, após fugir do cativeiro e ser recolhido em alto mar por um navio português, até Salvador da Bahia, onde se estabelece e se torna rico senhor de engenho. A terceira e última, de Salvador rumo à África _onde não chega devido ao naufrágio que sofre e vai parar numa ilha, onde recomeça a sua existência e constrói o seu destino.

(4) Ver "Sonhos e Cantos - sobre explicação e ignorância" (Luiz Tenorio Oliveira Lima, "Jornal de Psicanálise", volume 25, número 49, 1992), onde o episódio das sereias, da viagem de Ulisses, é ali considerado como modelo de um processo de passagem em busca da consolidação de uma identidade.

 

Bibliografia:

  1. S. Freud, "Interpretação dos Sonhos", 1900.
  2. S. Freud, "Três Ensaios sobre a Sexualidade Infantil", 1905.
  3. S. Freud, "O Mal-Estar da Cultura", 1930.
  4. S. Freud, "O Ego e o Id", 1923.
  5. Christopher Lasch, "A Cultura do Narcisismo", Imago Editora, 1983.
  6. Christopher Lasch, "O Mínimo Eu", ed. Brasiliense, 1986.
  7. Melanie Klein, "Psicogênese dos Estados Maníaco-Depressivos", 1936.
  8. Melanie Klein, "Notas sobre alguns Mecanismo Esquizóides", 1946.
  9. Melanie Klein, "Obras Completas", volume 1, "El Psicoanálisis de Niños", capítulo VII, Paidós, Buenos Aires, 1977.
  10. W.R. Bion, "Elementos de Psicanálise", Paidós, Buenos Aires, 1966.
  11. Ernest Jones, "L’Origine du Surmoi", 1947, in "Theorie e Pratique de la Psychanalyse", Payot, Paris, 1969.
  12. Karl Abraham, "Teoria psicanalítica da Libido", Imago, Rio de Janeiro, 1970.
  13. Gilles Delleuze e Felix Guattari, "L’Anti-Oedipe", Éditions Minuit, 1972.
  14. Thomas Mann, "A Montanha Mágica", 1924, tradução brasileira de H. Caro, ed. Globo.
  15. W.H. Auden, "Poemas", Cia. das Letras, 1986.
  16. Amazonas Alves Lima, "Tempo <-------> Trabalho", 1977.
  17. Daniel Defoe, "Robinson Crusoé", Publicações Europa América, Lisboa, 1975.
  18. Luiz Tenorio Oliveira Lima, "Algumas Notas Sobre Observação em Psicanálise", in revista "Ide", número 19, agosto de 1990.
  19. Luiz Tenorio Oliveira Lima, "Sonhos e Cantos - sobre explicação e ignorância", in "Jornal de Psicanálise", volume 25, número 49, 1992.

 

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Data da última modificação:23/08/00

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