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psi1.gif (3050 bytes) globe4.gif (9321 bytes)Nline.gif (2767 bytes)barrabr.gif (6829 bytes)Psychiatry On-line Brazil - Current Issues (2) 11 1997

 

National Institutes of Health New´s :

Relato informal sobre o encontro: Psicofarmacologia na prática - Atualização clínica e em pesquisa de 1997.

 

Paulo Jácomo Negro, Jr.

Visiting Associate Clinical Neuroendocrinology Branch, NIMH, NIH /Fellow - American Psychoanalytical Association

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O NIMH faz um curso anual de atualização em psicofarmacologia que tem uma excelente reputação não apenas por abordar assuntos atuais de manejo psicofarmacológico, mas por também apontar tendências recentes de pesquisa relevantes para os clínicos. O curso deste ano foi apresentado no Hyatt Regency em Bethesda, e contou com a participação de diversos chefes de Branch e pesquisadores de ponta para relatar de maneira informal o resultado de suas pesquisas e uma atualização em suas respectivas áreas de atuação.

Fiquei em dúvida da melhor maneira de transmitir a informação para os colegas no Brasil, tendo em vista o vasto leque de assuntos abordados e a profundidade das discussões. Não observei um encontro tão rico nem mesmo no congresso da Associação de Psiquiatria Americana (APA); o relativo baixo número de participantes, a informalidade do encontro e a disposição dos pesquisadores em responder quaisquer perguntas que fossem levantadas contribuiu para criar um ambiente de certa intimidade e grande sofisticação psicofarmacológica.

Desta forma, o que eu apresento este mês nada mais é que o meu caderno de notas do encontro. O texto está mais telegráfico que o usual, mas aborda as diversas aulas apresentadas. É claro que o apresentado não é exatamente o ministrado e passa pelo crivo do que considerei mais relevante e interessante (inclusive em termos de dicas de manejo) e os colegas devem considerar os limites deste tipo de apresentação (e usar bom senso no manejo de seus pacientes pois a sugestões devem ser adaptadas para o contexto de casos específicos). Da mesma forma, estas notas informais, ainda que baseadas nas apresentações do encontro foram produzidas por mim e, portanto, quaisquer inexatidões devem ser creditadas ao meu texto. Finalmente, minhas opiniões aqui representam apenas a minha pessoa e não o CNE Branch ou o NIH.

O texto foi baseado nas aulas:

Uma nova perspectiva na patofisiologia de doenças neuropsiquiátricas na infância (Susan Swedo, MD),

Psiquiatria geriátrica (Trey Sunderland, MD),

PTSD e distúrbios de ansiedade (Una D. McCann, MD),

ADHD e transtornos de tique da infância à idade adulta (F. Xavier Castellanos, MD),

Ciclos sobre ciclos: rítmos biológicos em distúrbio bipolar com ciclagem rápida (Ellen Leibenluft, MD),

Esteróides, cérebro e distúrbios do humor relacionados ao eixo reprodutivo (David Rubinow, MD),

O neurologista como psiquiatra (Thomas Hyde, MD, PhD),

Transtornos alimentares (Walter H. Kaye, MD).

 

1) Uma nova perspectiva na patofisiologia de doenças neuropsiquiátricas na infância

Tema: O que há de novo na arena de pesquisa em transtorno obsessivo compulsivo de início precoce.

É fundamental checar todas as áreas (o tratamento comportamental de apenas uma pode levar a exacerbação de outra em resposta ao aumento de ansiedade; é preciso abordar todas durante o tratamento):

  1. contaminação
  2. sexual (adolescência)
  3. agressão
  4. somático
  5. segurança (princ. re.pais)
  6. simetria e exatidão

 

Tratamento:

Psicoterapia: de suporte, mas importante -atrasos de desenvolvimento, demoralização e depressão comuns.

Terapia familiar: útil -a família deve ser ativamente incluída; frequentemente os rituais envolvem familiares, como perguntar e pedir que seja reassegurado.

Terapia comportamental: o tratamento de escolha -80-90% efetiva em crianças e adultos que completam o tratamento; exposição + prevenção de resposta; intervenções cognitivas: separar obsessões e compulsões de si, reconhecê-las como irracionais.

Medicamentos, como os SSRIs

 

 

PANDAS:

Pediatric Autoimmune Neuropsychiatric Disorders Associated with Strep. Infections.

Coréia de Sydenham como modelo: desde o século XIX descrições de preocupações obsessivas em crianças com o distúrbio; 75% com sintomas obsessivos compulsivos, 1/3 destes preenchendo critério para TOC.

Infecção por Estreptococo -> autoanticorpo contra Núcleos da Base

a) Evidência de PANDAS:

b) Critérios de PANDAS:

Meninos 2.5-3: 1 Meninas

Idade média 9.5 anos (TOC 7.5 anos; Tiques 6.5 anos)

Dividido primariamente em TOC e Tiques (mas vários pacientes apresentam ambos); ADHD e ansiedade de separação também presentes.

c) Apresentação clínica:

d) Na família de crianças com PANDAS:

e) Profilaxia com Penicilina?

f) Evidências preliminares de resposta a plasmaferese e EVIG


Para encaminhar pacientes com PANDAS no NIH:

301-4965373

pandas@codon.nih.gov


 

2) Psiquiatria Geriátrica

Tema: O que fazer sobre o mal de Alzheimer?

 

A visão tradicional do mal de Alzheimer:




Depressão de início tardio:

 

Tratamento:
Precursores: não funcionam; ex. lecitina (além de não funcionar, faz o paciente cheirar a peixe e causa náusea).
Agonista pós-sináptico: melhora memória, mas causa muita náusea, vômito, depressão.
Inibidor da colinesterase: tacrine (causa aumento de enzimas hepáticas e náusea), donezepil -melhora sintomática

 

Tacrine + Reposição de Estrógeno (em mulheres menopausadas): melhor do que aquelas que recebram apenas tacrine - porém ainda não há dados prospectivos.

Donezepil:

Inibidores da colinesterase:

Gingko Biloba (para demência):

St Johns Worth (para depressão):

[Nota: aqui nos EUA, está havendo uma febre de uso de Gingko Bilopa e St Johns Worth para depressão -muito cuidado com a recomendação, existem problemas metodológicos importantes nos estudos. PJ]

Indometacina:

Vitamina E:


A visão do mal de Alzheimer para o próximo século (especulativo):

( mal de Alzheimer com doença da idade adulta)


3) PTSD e distúrbios de ansiedade

Tema: tratamento de transtornos de ansiedade.

PTSD (transtorno de estresse pós-traumático)

Grupos de sintomas:

Prevalência: 8-18% da população

Comorbidade:

Distúrbios clínicos (impacto na progressão das doenças):

Tratamento de PTSD

Antidepressivos:

Anticonvulsivantes:

Transtorno de pânico

Tratamento:

Sugestões clínicas:

História de Pânico; nenhum tratamento anterior:

Fobia Social

Sugestões clínicas:

Primeira opção: SSRI

Segunda opção: clonazepam, MAOI

Tratamento adjuvante: buspirona, atenolol


Não esquecer:


Duração do tratamento:

CCK e Ansiedade

rTMS (Repetitive Transmagnetic Stimulation)

- a produção de campos magnéticos no tecido nervoso produz atividade elétrica.

- lei de Faraday:

 

4) ADHD transtornos de tique da infância à idade

(attention-deficit/hyperactivity disorder)

Tema: psicofarmacologia de ADHD

Frequente comorbidade em ADHD:

1) ADHD -> ODD (oppositional defiant disorder) -> Transtorno de Conduta

2) Especulação: ADHD + mal regulação afetiva -> distúrbio bipolar? eixo II ?

3) Distúrbios de aprendizado

4) Trantorno de Tique/TOC

Diagnóstico de ADHD em adultos:

Especulação neurofarmacológica:

ADHD, com desatenção: - dopamina pré-frontal?

ADHD, com hiperatividade: ­ dopamina mesencefálica + ­ NE?

Tratamento:

Metilfenidato (ritalinaâ )

Dextroanfetamina

Adderalâ

Pemoline

[Nota: usamos na clínica de neuropsiquiatria da UTHSCSA em San Antonio para adultos com provável ADHD; o fato de ser classe IV nos EUA (devido ao baixo risco de abuso) facilita muito a burocracia de prescrição]

Tricíclicos

Clonidina

Guanfencina (tenexâ)

Buproprion: efetivo, mas menos que metilfenidato.

Venlafaxine: relato de casos.


Associação entre Tiques e ADHD: uso de estimulante é possível -estimulantes causam tiques e a presença prévia do distúrbio é tradicionalmente considerada uma contraindicação para o seu uso.


5) Ciclos sobre ciclos:

Rítmos biológicos em distúrbio bipolar com ciclagem rápida.

Tema: o papel dos rítmos biológicos em distúrbio bipolar e em particular em ciclagem rápida (ênfase no sistema circadiano; ciclo vigília-sono).

Porque estudar rítmos biológicos?

1) Observação clínica: presença de instabilidade do ciclo de vigília-sono em distúrbio bipolar, que parece manter correlações com humor (ex. correlações de diário de sono com humor: elação com pouco sono, depressão com sono excessivo)

2) De fato, alterações no rítmo vigília-sono não são apenas sintomas, mas se correlacionam com a patofisiologia do distúrbio (ex. deprivação de sono desencadeando mania; ATD avançando a fase de sono; sono durante a manhã após deprivação de sono na noite anterior é mais provável causa de recaída que sono durante a tarde)


Dica: quando usar escalas de humor, procure focar e educar o paciente sobre eutimia -escalas de humor + escalas de sono são muito úteis no documentação prospectiva da resposta a medicamentos (humor deve ser documentado pelo menos duas vezes: após acordar e antes de dormir); mudanças de humor durante o sono tendem ir em direção à depressão e mudanças durante o dia em direção oposta.


 

Melatonina:

Luz -> olhos -> hipotálamo (núcleo supraquiasmático possui um relógio endógeno cujo gene já foi identificado) -> sistema simpático; pineal -> melatonina

- a secreção se relaciona com a habilidade de dormir (como uma "porta" para o sono); estudos transversais sugerem que a secreção de melatonina é mais precoce em hipomania que em depressão (adiantamento de fase)

alterações do humor <-> alterações da duração e horário sono <-> mudança na exposição a zeitgebers + mudança na secreção de melatonina (como um jet leg cronico)

 

Observações relativas a tratamento de distúrbio bipolar:

1) Terapia de luz

2) Melatonina Exógena

3) Noites prolongadas


Recaída no pós-parto - possivelmente secundária a deprivação de sono

- importante abordar o assunto em mulheres (e homens) em risco antes do parto


6) Esteróides, Cérebro e Distúrbios do Humor Relacionados ao Eixo Reprodutivo

Tema: a complexidade do eixo gonadal e dos distúrbios de humor.

 

Síndrome Pré-Menstrual (PMS)

- distúrbio de tempo, não de sintomas (o que importa é o aparecimento dos sintomas durante a fase lútea e o desaparecimento na fase folicular)

1) Existem sintomas específicos da fase lútea em PMS?

Sim, 5% das mulheres em idade reprodutiva mostram sintomas restritos a fase lútea.

2) Existem diferenças fisiológicas (ex. padrão hormonal) relacionadas à fase lútea?

Não, não há diferenças entre pacientes com PMS e controles.

3) A fase lútea é essencial para a manifestação dos sintomas?

Não, quando a fase lútea é eliminada através de antagonismo de progesterona, os sintomas aparecem da mesma forma.

4) A eliminação da ciclicidade ovariana previne PMS?

Sim, o uso de leuprolide (peptídeo sintético, análogo ao GnRH -gonadotropin releasing hormone) abole a ciclicidade e os sintomas de PMS.

5) Em pacientes cuja supressão da ciclicidade ovariana eliminou PMS, a prescrição de estrógeno e progesterona exógenos faz com que os sintomas retornem?

Sim, mas quando o mesmo protocolo é aplicado em mulheres sem história de PMS, elas não desenvolvem sintomas (o humor não é desestabilizado). Isto demonstra a importância do contexto no qual hormônios são utilizados; provavelmente a sensibilidade à atividade hormonal de mulheres com história a PMS é diferente daqueles sem o distúrbio.


Imagine o cérebro como um transformador não linear - a resposta ao sinal é dependente do seu contexto.


Depressão Perimenopausa:

Depressão Puerperal:

Mulheres com história de depressão puerperal receberam hormônios, subitamente suspensos (para simular puerpério): isto desencadeou depressão, porém não em mulheres sem história pregressa de depressão puerperal; sensibilidade diferente do eixo gonadal entre os grupos.



 

7. O Neurologista como psiquiatra

Tratamento de Discinesia Tardia:

 

8. Transtornos Alimentares

Anorexia Nervosa (AN)/Bulimia Nervosa (BN)

 

 

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mail14.gif (2967 bytes) Denise Razzouk e Giovanni Torello

Data da última modificação:23/08/00

http://www.priory.com/psych/paulnov.htm