Part of The International Journal of Psychiatry - ISSN 1359 7620 - A trade mark of Priory Lodge Education Ltd

psi1.gif (3050 bytes)   globe4.gif (9321 bytes)Nline.gif (2767 bytes)barrabr.gif (6828 bytes)Psychiatry On-line Brazil - Current Issues (3) 03 1998

 

Publicações Eletrônicas e Mailing List em Psiquiatria:

Psiquiatria e Internet no Brasil

Giovanni Torello*

* Editor da Psychiatry On line Brazil/ Trabalho apresentado no I Congresso Internacional de Saúde Mental e Internet em Gênova, Itália.

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ball12.gif (924 bytes) A Internet no Brasil

Vou iniciar, então, com algumas considerações gerais sobre a distribuição e o uso da rede Internet em nosso país.

Para que se compreenda como a Internet funciona no Brasil é preciso que se atente a algumas peculiaridades específicas de um país em desenvolvimento.

No Brasil, por razões complexas que fogem ao propósito desta apresentação, a presença do governo na vida econômica, social e até privada do cidadão comum, sempre foi excessiva e dominante.

No que se refere às telecomunicações, as políticas governamentais, detendo o monopólio sobre seu uso e distribuição, retardaram sua expansão. Este fato, somado ao subdesenvolvimento crônico de grandes áreas do país, e a sua imensidão territorial, fez com que tivéssemos uma rede de telefonia altamente insuficiente numericamente, precária quanto ao funcionamento e cara. No Brasil, a linha telefônica é paga; na maioria dos países é gratuita e somente os custos operacionais são cobrados.

Esta situação vem se modificando ao longo dos últimos anos, em decorrência da abertura do mercado das telecomunicações para empresas privadas, nacionais e estrangeiras. O número de linhas telefônicas vem aumentando, sua qualidade melhorando e o preço caindo sensivelmente. Mesmo assim, o número de telefones por habitante, no Brasil, é reduzido e a qualidade das linhas telefônicas é muito baixa. Usa-se, ainda, em grande maioria, o sistema analógico de pulso.

A informática em geral, assim como a Internet na sua condição de meio de comunicação, também foram alvos da interferência do governo.

Tentando proteger e incentivar a fabricação nacional de equipamentos de informática, o governo criou leis que restringiam a importação de equipamentos estrangeiros ou os taxava de forma exorbitante. Disso resultou um preço muito alto para o usuário final de um computador, seus acessórios e software.

Assim sendo, o número de pessoas que podiam se dar ao luxo de possuir um computador era bastante reduzido até há poucos anos atrás.

Esta situação tem se modificado gradualmente e os preços dos suprimentos de informática vêm caindo. Porém, ainda hoje, um computador da mesma marca e modelo custa, no Brasil, cerca de dois terços a mais do que nos USA.

A Internet também foi, durante muitos anos, monopolizada pelo governo. O seu acesso era, então, fechado ao cidadão comum e permitido apenas para algumas instituições acadêmicas e governamentais.

Esta situação modificou-se a partir do início de 1995, quando, lentamente e de forma precária o acesso à Internet foi liberado para o uso privado. Foram credenciados, inicialmente, provedores privados nacionais que ainda dependiam da rede governamental para o acesso à rede mundial e, posteriormente, foi liberada a entrada dos grandes provedores internacionais no mercado.

Isto fez com que a Internet nascesse, no Brasil, já com muitos anos de atraso em relação ao resto do mundo e enfrentando, desde o início, muitas dificuldades.

Apesar de todos esses entraves o crescimento da rede foi surpreendente. Em pouco mais de dois anos o número de usuários da Internet passou de praticamente zero para um número que varia entre oitocentos mil a um milhão, dependendo da fonte consultada.

Se levarmos em consideração que o cálculo de usuários para toda a América do Sul é de um milhão e duzentos e cinqüenta mil, podemos então imaginar o quanto a presença do Brasil é marcante no panorama da Internet Sul Americana.

 

ball12.gif (924 bytes) A Psiquiatria Brasileira

Depois dessa rápida introdução a respeito das condições gerais de funcionamento da rede de telecomunicações, da situação em que se encontra a informática em geral e, especificamente, a Internet no Brasil, vamos falar, agora, algo sobre a psiquiatria brasileira.

O número de psiquiatras, no Brasil, segundo estimativas da Associação Brasileira de Psiquiatria, gira em torno de seis mil, na maioria concentrados nos grandes centros urbanos. A Associação Brasileira de Psiquiatria possui um banco de dados com aproximadamente três mil profissionais cadastrados, dos quais cerca de dois mil são sócios efetivos da entidade.

As instituições universitárias academicamente produtivas na área, apesar de possuírem uma excelente qualidade científica, são numericamente escassas, concentradas geograficamente, e dependentes, quase que exclusivamente, de verbas governamentais.

A Psiquiatria e a Internet

Em maio do ano passado participei, em San Diego, Califórnia, do Anual Meeting da Psychiatry Society for Informatics, convidado a falar sobre a Psiquiatria e a Internet no Brasil.

Na época, há menos de um ano atrás, o número de Psiquiatras Brasileiros que possuíam um endereço eletrônico era estimado em menos de duzentos. Hoje a nossa revista, Psychiatry on line-Brazil, tem uma página de catálogo com mais de quinhentos e-mails de Psiquiatras Brasileiros distribuídos por estados e instituições.

Em outubro de 1997 inauguramos a primeira Mailing List de Psiquiatria Brasileira que, atualmente, em pleno funcionamento, já possui mais de duzentos profissionais inscritos.

A Internet possui, no Brasil, em qualquer campo de atividade científica e/ou educacional, um potencial imenso. É fácil imaginar, num país com a dimensão territorial do Brasil, como as distâncias representam um grande empecilho para o contato interpessoal em qualquer atividade profissional. Um encontro entre profissionais requer deslocamentos complicados e custosos. A WEB facilmente pode ser usada para substituir contatos pessoais veiculando informações dinamicamente trabalháveis em grupo. Dentro do meio acadêmico, os centros de ensino e pesquisa, em psiquiatria, concentram-se, na sua maioria, no eixo Rio- São Paulo. Simpósios regionais que possam divulgar e atualizar conhecimentos tornam-se caros e de difícil organização. Facilmente a Internet, através de Mailing List, grupos de discussão e páginas WEB bem elaboradas, pode distribuir conhecimentos a partir dos grandes centros de ensino para as outras instituições mais distantes e carentes.

A Internet representa para um país em desenvolvimento, como o Brasil, muito mais do que apenas um novo recurso tecnológico. Ela propicia uma possibilidade de reformulação do ensino e ajuda a minimizar as dificuldades e deficiências educacionais no país. Desta forma, com a diminuição virtual da distância geográfica, torna-se possível uma maior interação entre os profissionais mais habilitados, em geral concentrados nas regiões mais ricas do país, e aqueles que se situam nas regiões mais pobres em recursos humanos e tecnológicos. Além de facilitar o acesso à informação, a Internet também permite a formação de recursos humanos à distância, através de cursos, videoconferências, fóruns de discussão e correio eletrônico . Isto representa um recurso fundamental, na medida em que centros de excelência localizados nas poucas regiões privilegiadas do país podem, assim, difundir conhecimento e colaborar com o desenvolvimento do restante do país.

Psychiatry on line Brazil

Psychiatry on-line Brasil nasceu a partir de um meu projeto pessoal, desde que, na qualidade de psiquiatra e antigo e apaixonado navegante na Internet, há tempos cultivava a idéia de criar uma publicação eletrônica de Psiquiatria Brasileira. Trata-se de uma publicação eletrônica na Internet em língua portuguesa, apesar de ter suas origens fora do Brasil, na Inglaterra.

No começo do ano de 1996, navegando pela WWW e visitando sites de psiquiatria, entrei em contato com o Dr. Ben Green, editor da Psychiatry on Line International, conhecida publicação eletrônica na Net e integrada ao International Journal of Psychiatry. O Dr. Ben Green já editava na Internet, desde 1994, uma série de revistas na área médica e psiquiátrica. Foi dele que obtive o incentivo e o apoio técnico necessário para iniciar a edição da revista. Em Junho de 1996 coloquei no cyberspace o primeiro número da Psychiatry on-line Brazil. Desde o início tive o apoio do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, instituição acadêmica à qual pertenço.

No início foi um trabalho solitário, eu mesmo assumindo as funções de editor e redator; mas logo começaram a aparecer as colaborações. A primeira veio da Dra.Denise Razzouk, que, pelo seu desempenho e interesse, logo transformou-se em editora e fundamental colaboradora da Psychiatry on-Line Brazil.

Já a partir do primeiro número, em junho de 1996, começaram a chegar e-mails de colegas psiquiatras, procedentes de várias partes do Brasil. Isto demonstra como, mesmo na precária situação da Internet brasileira, existiam profissionais atentos e desejosos de introduzir a psiquiatria na rede. Mensagens chegaram de outros países enviadas por colegas brasileiros estudando, estagiando ou morando fora do país. Começamos a criar um adress book com esses endereços e que, mês a mês, aumentavam em número e para os quais enviávamos um aviso a cada nova edição da revista.

Hoje Psychiatry on line Brazil encontra-se no seu segundo ano de funcionamento. O número de acesso ao site da revista vem aumentando mês a mês. Nosso address-book contém mais de quinhentos nomes de colegas que acessam a revista regularmente. Ao longo do ano passado fomos convidados a participar dos principais congressos dentro da área da Psiquiatria e Saúde Mental no Brasil, divulgando o trabalho que temos realizado com a publicação da Psychiatry on line Brazil.

A revista, graças ao dedicado trabalho da nossa editora Dra. Denise Razzouk, passou, ao longo dos quase dois anos de sua existência, por várias mudanças e continua, dinamicamente, buscando a melhor forma de apresentar os seus conteúdos.

Continuamos fiéis à edição mensal. A cada mês lançamos um Current Issue, com artigos originais, e algumas resenhas sempre renovadas. Entre estas temos o "Site do Mês", um dos inúmeros sites de Psiquiatria na Internet visitado e comentado quanto ao seu conteúdo e utilidade para o visitante. O "Journal Club On line", a reprodução on line de uma reunião que ocorre regularmente no Departamento de Psiquiatria da Unifesp, onde um determinado artigo científico é escolhido e comentado visando-se especificamente estimular uma visão crítica na apreciação dos trabalhos científicos.

Temos um "Correspondente Estrangeiro", o nosso colega Dr. Paulo Negro, morando e trabalhando atualmente no NIMH em Washington e que, mensalmente, nos envia um artigo comentando algum assunto em destaque naquele período no instituto.

Além do "Current Issue" merece destaque a página de "Links". Está dividida em várias seções: "Banco De Sites"; "Organizações e Associações Nacionais e Internacionais"; "Universidades Nacionais e Internacionais"; "Revistas on line de Psiquiatria e áreas afins"; "Bancos de dados e Bibliotecas on line"; "Máquinas de Busca" e "Serviços". E todas estas seções possuem dezenas de links ativos. Funcionando como um banco de referências e um ponto de partida para o acesso a qualquer pesquisa na área de Psiquiatria e Saúde Mental na Internet. Aqui criamos também um link com uma página na qual organizamos um banco de dados com o address book de praticamente todos os Psiquiatras Brasileiros possuidores de um endereço eletrônico.

Temos, ainda, uma página com os eventos nacionais e internacionais na Área de Psiquiatria e Saúde Mental, atualizada mensalmente ; e mais a página dos arquivos, com todo o material publicado até o momento na Psychiatry on line Brazil, acessível a um clique de mouse.

Em breve, pretendemos criar uma versão reduzida da revista, em inglês, mas a publicação em português será mantida, justamente para prestigiarmos, dentro do possível, o uso da língua portuguesa na Internet e nas nossas publicações científicas.

Nosso projeto é transformar Psychiatry on-Line Brazil numa referência em termos de Internet e psiquiatria no Brasil. Estamos investindo os nossos esforços para criar um veículo de informação, na área específica da psiquiatria, que possa servir não apenas para divulgar notícias e conhecimento, mas também para orientar o profissional no o uso do potencial da Internet, fornecendo apoio técnico no que concerne à utilização das várias ferramentas da Internet. Desejamos ser os incentivadores e o ponto de partida para que o psiquiatra brasileiro possa entrar no mundo da Internet.

 

ball12.gif (924 bytes) A Mailing List de Psiquiatria Brasileira

Como já citei anteriormente, em outubro de 1997 inauguramos a primeira Mailing List de Psiquiatria Brasileira na Internet.

Usamos, como ponto de partida para o início da lista, o address book da Psychiatry on line Brazil. Isto significa que a lista já nasceu com cerca de cento e cinqüenta inscritos.

Desde o início mostrou-se muito ativa, com um número de mensagens trocadas acima das expectativas deixando claro que havia uma demanda silenciosa por um espaço de discussão dentro do panorama da Psiquiatria Brasileira.

Trata-se de uma lista de Psiquiatria geral, mas no futuro pretendemos, dependendo da demanda dos usuários, criar listas divididas por assuntos específicos.

Hoje a lista encontra-se em plena atividade. O número de inscritos vem crescendo progressivamente e, atualmente, contamos com mais de duzentos participantes.

 

ball12.gif (924 bytes) O Futuro da Internet na Psiquiatria Brasileira

Trabalhar na edição de Psychiatry on-Line Brazil nos trouxe um crescente conhecimento técnico no uso das ferramentas de edição em linguagem HTML. Isto fez com que começassem a nos procurar, tanto na qualidade de consultores, como para executar trabalhos em outros projetos editoriais relacionados com a psiquiatria na Internet.

Desta forma, começamos a trabalhar no sentido de operacionalizar a utilização da Internet dentro das instituições psiquiátricas de ensino e pesquisa.

Foi para isto, e graças especialmente ao dedicado trabalho da Dra. Denise Razzouk, que começamos a desenvolver as páginas WEB do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, na Universidade Federal de São Paulo, instituição na qual estamos vinculados. Foram mais de oitenta páginas construídas com o intuito de apresentar o Departamento na sua estrutura geral e específica, com cada disciplina e setor detalhadamente apresentado conforme suas atividades e participantes. Demos ênfase à produção científica do Departamento, criando um banco de teses, no qual foram incluídas todas as teses produzidas no Departamento de Psiquiatria nos últimos dezesseis anos, todas com seus abstracts anexados.

Estamos, também, trabalhando na criação do site da Associação Brasileira de Psiquiatria, que até o momento ainda não possuía suas próprias páginas na Internet. Acreditamos que com a presença da Associação Brasileira de Psiquiatria na Net, representada por seus mais de dois mil associados, o uso da Internet pelos psiquiatras brasileiros venha a ser cada vez mais estimulado.

         

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mail14.gif (2967 bytes) Denise Razzouk e Giovanni Torello

Data da última modificação:23/08/00

http://www.priory.com/psych/mlitalia.htm