10 tópicos para...

A Esquizofrenia

Itiro Shirakawa

Mário D. Mateus

  1. O paciente com esquizofrenia freqüentemente é levado para a consulta por seus familiares. Dê preferência para atender o paciente sozinho e antes da sua família; é importante demonstrar que seu objetivo é ajuda-lo e não policiá-lo a serviço da família.
     
  2. O delírio pode ser confrontado com a realidade, porém esta é uma tarefa lenta e baseada na confiança depositada pelo paciente.
     
  3. Os neurolépticos convencionais podem provocar sintomas extrapiramidais como parkinsonismo e acatisia logo nos primeiros dias de tratamento. A distonia aguda é a complicação que mais assusta o paciente e sua família, podendo levar ao abandono do tratamento. O uso de anticolinérgicos como o biperideno já de inicio no tratamento é justificado nas primeiras semanas, para facilitar a adesão do paciente.
     
  4. Os neurolépticos atípicos podem ser considerados na maioria das vezes uma segunda escolha para pacientes em que os neurolépticos convencionais falharam ou por não surtirem o efeito desejado ou por provocarem efeitos colaterais intoleráveis.
     
  5. O ganho de peso é uma conseqüência freqüente da medicação, não só por aumento do apetite, mas também por alterações metabólicas. Pacientes já com sobrepeso devem ser orientados a iniciarem uma vigilância sobre a dieta durante o tratamento.
     
  6. A terapia familiar é comprovadamente eficaz para auxiliar a prevenção de recaídas. Grupos com familiares de diversos pacientes objetivam não só oferecer informações sobre a doença e seu tratamento, mas também promover um ambiente no qual sentimentos como os de hostilidade, medo, apreensão e expectativas possam ser expostos e elaborados pelo grupo.
     
  7. As psicoterapias dirigidas ao paciente com esquizofrenia devem levar em conta que um rígido direcionamento para o insight do paciente pode ser por demais estressante, contribuindo para novos surtos.
     
  8. A depressão é um quadro freqüente na esquizofrenia, não estando restrita apenas aos episódios pós-surto, mas em qualquer momento de sua evolução. Deve-se pesquisar sempre ideação suicida, idéias de culpa e desvalia, tristeza, etc, e o tratamento com antidepressivos pode ser necessário.
     
  9. Idéias delirantes percebidas pelo médico como bizarras (o que indicaria em si um pior prognóstico ao quadro) podem na verdade pertencer ao meio cultural do paciente e sua família.
    Idéias de influência de espíritos, mau-olhado ou ação de alienígenas por exemplo, podem ser culturalmente compartilhadas, exigindo maior flexibilidade do profissional no contato com familiares e amigos do paciente.

  10. Tomar remédios psiquiátricos para toda a vida não tem o mesmo peso que tomar medicações anti-hipertensivas ou para diabetes. O paciente pode abandonar o tratamento para evitar o estigma da loucura. Demonstrar os ganhos da terapia de manutenção deve ser um exercício paciente de diálogo com o paciente e sua família.

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Giovanni Torello

Data da última modificação:08/02/2000