O paciente com esquizofrenia
freqüentemente é levado para a consulta por seus familiares.
Dê preferência para atender o paciente sozinho e antes da sua
família; é importante demonstrar que seu objetivo é
ajuda-lo e não policiá-lo a serviço da família.
O delírio pode ser confrontado
com a realidade, porém esta é uma tarefa lenta e baseada na
confiança depositada pelo paciente.
Os neurolépticos convencionais
podem provocar sintomas extrapiramidais como parkinsonismo e acatisia logo
nos primeiros dias de tratamento. A distonia aguda é a complicação
que mais assusta o paciente e sua família, podendo levar ao abandono
do tratamento. O uso de anticolinérgicos como o biperideno já
de inicio no tratamento é justificado nas primeiras semanas, para
facilitar a adesão do paciente.
Os neurolépticos atípicos
podem ser considerados na maioria das vezes uma segunda escolha para pacientes
em que os neurolépticos convencionais falharam ou por não
surtirem o efeito desejado ou por provocarem efeitos colaterais intoleráveis.
O ganho de peso é uma
conseqüência freqüente da medicação, não
só por aumento do apetite, mas também por alterações
metabólicas. Pacientes já com sobrepeso devem ser orientados
a iniciarem uma vigilância sobre a dieta durante o tratamento.
A terapia familiar é
comprovadamente eficaz para auxiliar a prevenção de recaídas.
Grupos com familiares de diversos pacientes objetivam não só
oferecer informações sobre a doença e seu tratamento,
mas também promover um ambiente no qual sentimentos como os de hostilidade,
medo, apreensão e expectativas possam ser expostos e elaborados pelo
grupo.
As psicoterapias dirigidas ao
paciente com esquizofrenia devem levar em conta que um rígido direcionamento
para o insight
do paciente pode ser por demais estressante, contribuindo para novos surtos.
A depressão é
um quadro freqüente na esquizofrenia, não estando restrita apenas
aos episódios pós-surto, mas em qualquer momento de sua evolução.
Deve-se pesquisar sempre ideação suicida, idéias de
culpa e desvalia, tristeza, etc, e o tratamento com antidepressivos pode
ser necessário.
Idéias delirantes percebidas
pelo médico como bizarras (o que indicaria em si um pior prognóstico
ao quadro) podem na verdade pertencer ao meio cultural do paciente e sua
família.
Idéias de influência de espíritos,
mau-olhado ou ação de alienígenas por exemplo, podem
ser culturalmente compartilhadas, exigindo maior flexibilidade do profissional
no contato com familiares e amigos do paciente.
Tomar remédios psiquiátricos
para toda a vida não tem o mesmo peso que tomar medicações
anti-hipertensivas ou para diabetes. O paciente pode abandonar o tratamento
para evitar o estigma da loucura. Demonstrar os ganhos da terapia de manutenção
deve ser um exercício paciente de diálogo com o paciente e
sua família.